Ficção e Expectativas: como o consumo de entretenimento pode te afetar


Eu gostaria de fazer um post com embasamento científico aqui, mas não farei. Vou falar das minhas observações e experiências das pessoas ao meu redor. O ponto principal é que o consumo de entretenimento pode alterar as nossas expectativas do mundo real. Isso pode ser óbvio para muita gente, mas, para mim não era.

Mesmo sabendo que as coisas que assistimos, lemos e ouvimos não são (em sua maioria) baseadas em fatos reais, muitas vezes queremos que nossa vida seja exatamente daquele jeito. A área da vida onde eu mais noto isso, é a amorosa. E isso acontece principalmente na adolescência.

Não é novidade que entre os 11 e os 17 anos somos muito sonhadores e suscetíveis à ideias de mundos e relacionamentos perfeitos. Isso provavelmente acontece porque, geralmente, achamos que a vida é uma droga nessa idade. Na minha experiência, tive depressão, brigava muito com meus pais, briguei com meus melhores amigos e tive muitas (MUITAS) decepções amorosas. Era apenas natural que eu quisesse que minha vida fosse como um filme desses de comédia romântica onde tudo dá certo no final.

Meu sonho mais inacreditável foi que eu ainda casaria com algum dos membros da One Direction, um dia. Harry Styles era a personificação de todos os meus sonhos e nunca partiria meu coração (como dizia alguma música da One Direction). A verdade é que eu tive esses delírios pelo Niall Horan, também. E pelo Liam Payne. Eu costumava mudar entre eles conforme iam entrando e saindo de relacionamentos, afinal, não queria ser fura-olho, sabe?

No fim das contas, por acreditar tanto na perfeição dessas pessoas, conforme os meninos que eu conhecia iam partindo meu coração aos poucos, parei de me interessar por eles.

Não vou dizer que não tinha "crushes". Tinha, sim, mas eles já não me interessavam a ponto de me fazer investir, falar com eles e tomar uma atitude. Eu apenas os deixava de lado. Um dia casaria com Niall Horan, de qualquer forma.
Porém, contudo, no entanto, todavia, eu nunca nem conheci o Niall Horan. Surpresa!

O que quero dizer com tudo isso, é que o consumo de músicas, séries e livros me fazia sonhar tanto com as pessoas perfeitas, que durante algum tempo, eu meio que me desliguei das pessoas que estavam ali naquele momento. Mesmo as que ouviam música comigo ou com quem eu maratonava séries. E isso me gerou decepções e corações mais partidos do que eles seriam se minhas expectativas não estivessem tão altas.

Eu já escrevi um texto chamado 'Não peça desculpas por ser exigente' aqui no blog, mas ele tinha um contexto diferente desse. Hoje, acho importante não sermos tão exigentes com as pessoas. Mantenho o que disse naquele texto, que ser exigente mostra amor próprio. Claro, podemos ter preferências e exigências em relação às pessoas com quem nos relacionamos. Mas não devemos riscá-las da nossa vida só por elas não cumprirem tudo e serem perfeitas. Ao fim do dia, ninguém é perfeito, nem eu, nem você, nem Niall Horan ou Harry Styles.

É importante saber que as pessoas não são como nos filmes. Até porque, quem cria os personagens são pessoas que também sonham com alguém perfeito. E o problema não é sonhar com esse ser humano, mas sim, se fechar para o mundo que não atinge essa perfeição. Isso causa solidão e muita frustração com a vida.
Sinto que devo pontuar aqui que ter defeitos é ok. Mas é preciso ter bom senso. Principalmente entre os 11 e 17 anos (até depois, vai). Defeito é comer de boca aberta, ou deixar a tampa do vaso levantada. Falar algumas coisas erradas ou algo assim. Se a pessoa faz você se sentir mal, você precisa se afastar ou aprender a não deixar isso te afetar. Sua saúde mental vale mais que esse texto de blog, que fala pra não ser tão exigente.

A exigência da qual você nunca deve abrir mão na seleção das pessoas ao seu redor, é a de te fazer bem. A pessoa pode ter hábitos chatos, mas se não te deixa mal, pode ser que valha a tentativa.

Existem muitas outras nuances desse assunto, mas voltando ao ponto principal, quero dizer: cuidado. As coisas que acontecem em livros podem parecer perfeitas, e você pode até achar que só são perfeitas porque os personagens são perfeitos. Mas eu tenho aprendido que pessoas imperfeitas também podem fazer coisas perfeitas. É só você dar uma chance.

Precisamos filtrar mais o quanto os sonhos e ideias perfeitas dos objetos de entretenimento afetam nossas expectativas e nos impedem de viver coisas incríveis só porque não achamos que a situação ou as pessoas são perfeitas.

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