Há tempos
Há tempos não sinto essas coisas de verdade. Tive alguns
princípios de frio na barriga e a intenção de dar meu coração, mas há muito
tempo que não tenho arrepios por esbarrar em alguém, ou uma sensação boa que se
espalha pelo meu corpo só de pensar nessa pessoa. Tinha me esquecido como era
bom sentir as coisas. Como era bom se entregar a uma paixão. Há tempos eu só
tinha crushes. Claro, tive meus motivos.
Mas prometi a mim mesma que esse ano
seria diferente. Eu precisava destruir a barreira que criei para separar meus
sentimentos do mundo. É, já fui muito magoada, mas hoje entendo que ser magoada
e se machucar é uma parte essencial da vida. A mágoa é um sentimento que eu
nunca desejaria para ninguém. Ser machucada, no início, me fez querer vingança,
me fez amaldiçoar ancestrais e vacas, mas hoje, me fez entender que é
exatamente isso que eu não devo fazer. Ser machucada doeu como uma facada. E eu
não quero dar facadas em ninguém. É algo que aprendi com a minha mãe: “Faça com
os outros o que gostaria que fizessem com você.” e levo essa frase comigo todos
os dias da minha vida… Enfim, a mágoa veio, e me deixou receosa quanto à
qualquer um que se aproximasse de mim. Mas não mais.
Hoje decidi me entregar. Está na hora de voltar ao jogo. Eu
provavelmente serei magoada novamente, como já fui, depois dessa mágoa
“principal”, mas acredito que agora vá dar certo. Aprendi a escolher melhor as
pessoas com quem me relaciono, a perdoar quem me machucou, a entender o lado do
outro e não ser egoísta. E como aprendi isso da pior forma possível, acredito
com todas as minhas forças que agora é minha vez. É minha vez de sentir todas
as coisas boas que gostar de alguém traz, dessa vez sem tantos obstáculos. Eu
acredito de verdade que dessa vez vai dar certo.
Por quê? Porque superei minha baixa autoestima, superei meu
medo de ser machucada e resolvi me abrir para o mundo. É hora de mudar, e esse
é o momento perfeito. Está na hora de mostrar para a eu de 13 anos que eu posso
SIM amar e ser amada (principalmente por mim mesma), que eu não sou um
fracasso, que eu posso ser feliz e que eu não nasci para morrer, e sim para
viver a jornada que eventualmente vai acabar. No fim das contas, o que vale de
verdade é tudo que você viveu e sentiu, e as pessoas que conheceu e tocou.
O que vale de verdade é a jornada, e não o desfecho, pois
ela ensina muito mais que um “felizes para sempre”.
E é por isso que hoje, estou feliz. Hoje senti frio na
barriga e ansiedade para ver aquela carinha tão linda, com aquela covinha tão
fofa, conversar e ouvir aquela vozinha tão maravilhosa. Sentir o calor que
aquele ombro emanava perto de mim, ver seu sorrisinho de perto, suas bochechas
ficando vermelhas e seus olhinhos tão lindos. Um ano atrás, eu estaria
assustada, provavelmente me preparando para me afastar dessa pessoa que me
deixa toda sorridente só por dar um “oi”. Hoje, não. Estou orgulhosa de mim
mesma. Finalmente estou livre daquele fantasminha que povoava meu ombro, me
incomodando o tempo inteiro.
Eu sou livre. Mais importante que isso: minha alma agora é livre.
Nada nunca mais a colocará numa gaiola e a torturará. Sou livre e vou
aproveitar essa liberdade. Vou me apaixonar, viajar, rir, fazer amigos, cantar
o mais alto que conseguir, andar de carro de madrugada por essas ruas vazias. E
o melhor de tudo isso, é que eu acredito com todas as minhas forças que agora
sou livre.
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