Todo romance deve ter um "final feliz"?

É fácil ter a ideia para escrever um romance. Pessoa 1 conhece Pessoa 2, aí você joga isso num cenário e coloca alguns obstáculos. Fazer isso é a parte fácil, mas quando vai chegando o fim do livro, quando até o autor já está cansado de tantos problemas entre os dois principais, começa aquela dúvida: deixar ou não deixar eles juntos no final.

Já vi autores que colocaram final feliz só para agradar os leitores, e não os julgo, afinal de contas, não seríamos nada sem eles, certo? Mas acredito que em certas histórias, o melhor é ter um fim. Quando o romance é tóxico ou quando alguém vacila MUITO, por exemplo.

Como autora, devo incentivar o amor próprio antes do amor pelo outro, e, acredite, não digo isso com o propósito de destruir os romances complicados – até porque são os meus preferidos -, e sim querendo que os leitores não achem que um relacionamento no qual a pessoa vive te colocando em perigo, te maltrata psicologicamente, mas depois diz que te ama, seja um relacionamento normal. São coisas diferentes. Não saber demonstrar sentimentos e acidentalmente machucar o outro é diferente de fingir que não liga e só causar desgraça na vida do outro, que está apaixonado o suficiente pra perdoar tudo ao ouvir um único “eu te amo”.

Para escrever um bom romance você precisa conhecer seus personagens. Saber quais decisões eles tomariam durante crises ou momentos de tensão. Só assim a história se torna verossimilhante e crível. 

É claro que existem histórias e histórias, mas não devemos promover algo que incentive coisas ruins, por exemplo, relacionamentos abusivos. O escritor precisa lembrar de que alguém irá ler seu livro, e esse alguém pode, sim, ser uma pessoa com a cabeça pronta. No entanto, pode não ser. Dessa forma, o escritor precisa sempre tratar casos delicados com cuidado, e deixar claro que aquilo é perigoso. O autor deve saber que, de certa forma, é um influenciador. E agir com o cuidado referente a tal título.

Outra coisa que penso sobre romances, é que não se deve mudar por ninguém. Você pode, no máximo, se tornar uma pessoa mais gentil e carinhosa, mas não, ser quem não é. Vejo muito isso em livros nos quais a protagonista é uma mulher forte e independente, mas quando se apaixona joga tudo para o alto para correr atrás do ser amado.

Acho isso errado, ou no mínimo digno de uma continuação, afinal de contas, uma pessoa não consegue abrir mão de seus sonhos e ser diferente de si mesma por muito tempo, e depois desse tempo, os acontecimentos nesse “romance” seriam interessantes, pois se você precisa mudar seus gostos e seu jeito de ser (e não confunda “jeito de ser” com grosseria e falta de caráter) pela pessoa que ama, seu relacionamento está fadado ao fim.

Antes de tudo, devemos saber quem somos e ser fiéis à nós mesmos, procurarmos sempre ser pessoas melhores ao nossos olhos, precisamos nos sentir bem em nossa própria pele. Afinal, de que adianta ser amado pela personalidade que você mostra em eventos sociais e não pela pessoa que você é quando está sozinho em casa, na maior parte do tempo?

E então, todo romance precisa ter um “final feliz”? Ou um final melhor para os personagens?

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