O que ganhamos com a nova Política Nacional de Leitura e Escrita?


No último dia 12, foi sancionada a Lei 13696/18, que institui a Política Nacional de Leitura e Escrita. Mas o que ganhamos com isso?

Um quadro com moldura listrada e os dizeres "A nova Política Nacional de Leitura e Escrita"


A nova lei pretende dialogar com outras, previamente sancionadas, de apoio e incentivo à leitura e atividades afins, principalmente, com a Política Nacional do Livro, de 2003. Será também uma estratégia permanente para promover o livro, a leitura, a escrita, a literatura e as bibliotecas de acesso público do Brasil. O apoio virá da União, por meio do Ministério da Cultura e do Ministério da Educação.

Alguns dos seus objetivos são:

- democratizar o acesso ao livro e aos diversos suportes à leitura por meio de bibliotecas de acesso público, entre outros espaços de incentivo à leitura, de forma a ampliar os acervos físicos e digitais e as condições de acessibilidade;

- valorizar a leitura e o incremento de seu valor simbólico e institucional por meio de campanhas, premiações e eventos de difusão cultural do livro, da leitura, da literatura e das bibliotecas;

- desenvolver a economia do livro como estímulo à produção intelectual e ao fortalecimento da economia nacional, por meio de ações de incentivo ao mercado editorial e livreiro, às feiras de livros, aos eventos literários e à aquisição de acervos físicos e digitais para bibliotecas de acesso público;

- promover a formação profissional no âmbito das cadeias criativa e produtiva do livro e mediadora da leitura, por meio de ações de qualificação e capacitação sistemáticas e contínuas; dentre outros.

Em linhas gerais, a Política buscará a universalização do acesso ao livro, à leitura, à escrita e às bibliotecas públicas, e reconhecerá a leitura e a escrita como um direito, a fim de possibilitar a todos as condições para exercer plenamente este direito. Além disso, ela fortalecerá o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas no âmbito do Sistema Nacional de Cultura e colocará em prática políticas de incentivo à leitura.

O texto da lei também promete reconhecer as cadeias relacionadas à literatura (criativa, produtiva, distributiva e mediadora) como integrantes fundamentais e dinamizadores da economia criativa.

O texto da lei está disponível na íntegra aqui, e traz muitas outras promessas.

Devo dizer que após analisar o texto da lei, senti uma pontinha de esperança de que o mercado literário melhore com o apoio do governo. No entanto, há uma voz pessimista no fundo da minha cabeça dizendo que esta será como muitas outras leis do nosso país, ignorada ou subaproveitada. Cabe à nós, que seremos afetadas(os) por ela, cobrar sua implantação correta.

Para isso, devemos nos atentar à uma informação que está no Artigo 4º da lei:

Art. 4º Para a consecução dos objetivos da Política Nacional de Leitura e Escrita, será elaborado, a cada decênio, o Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), que estabelecerá metas e ações, nos termos de regulamento.
§ 1º O PNLL será elaborado nos 6 (seis) primeiros meses de mandato do chefe do Poder Executivo, com vigência para o decênio seguinte.

O que isso significa?

No primeiro semestre do ano que vem será elaborado o primeiro Plano Nacional do Livro e da Leitura, o que será feito, em conjunto, "pelo Ministério da Cultura e pelo Ministério da Educação de forma participativa, assegurada a manifestação do Conselho Nacional de Educação (CNE), do Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC) e de representantes de secretarias estaduais, distritais e municipais de cultura e de educação, da sociedade civil e do setor privado". Ou seja, devemos ficar atentas para quando este Plano for publicado, de forma que possamos acompanhar e, se necessário, cobrar sua efetivação.

A lei também prevê que o "PNLL deverá viabilizar a inclusão de pessoas com deficiência, observadas as condições de acessibilidade e o disposto em acordos, convenções e tratados internacionais que visem a facilitar o acesso de pessoas com deficiência a obras literárias". Isso abrirá muitas outras portas para pessoas que tem acesso à uma variedade bastante limitada de livros, quem sabe até podendo acompanhar, em tempo real, as modas literárias.

São muitas promessas e eu espero que todas sejam cumpridas.

Como cidadã, tenho minhas dúvidas, mas como escritora que vive basicamente de esperança, torço para que seja uma política bastante valorizada. Afinal, a leitura é um grande passo para o crescimento do nosso país.

No que você acha que isso vai dar?

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